sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sociologia - EXERCÍCIOS DE SOCIOLOGIA módulo I

Exercícios – Sociologia
PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ.
Bertold Brecht
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão os nomes dos reis.
Arrastaram eles os blocos de pedras?
E a Babilônia várias vezes destruída –
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros na noite em que a
Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua
Armada.
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página, uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?
Tantas histórias.
Tantas questões.
1‐ Analise e destaque a idéia central do texto acima.
2‐ De acordo com o mesmo texto assinale a resposta correta.
A História da Humanidade é produto do talento de um único homem.
b)A História da Humanidade é produto do homem em sociedade
c)A história da Humanidade é produto do talento do governante somado a sociedade.
d)Todas as respostas estão corretas.
3‐ Pode‐se afirmar que o método é o elemento fundamental na distinção entre o positivismo durkheimiano e o idealismo alemão?
a)Sim.
b)Não.
c)Ambos usam o mesmo método.
d)O principal elemento de distinção é o objeto de estudos.
4‐Para Émile Dürkheim o objeto de estudos da Sociologia é:
a) O fenômeno social.
b) O acontecimento social.
c) O "fato social".
d) A sociedade.
5 – Para Max Weber o objeto de estudos da Sociologia é :
a) A "ação social".
b) A"relação social".
c) A "ação e a relação social".
d) A"vida social".
6 – Na teoria weberiana tipo ideal é:
a) Um modelo de análise.
b) Um modelo de análise que possibilita ao pesquisador aproximar‐se da
realidade.
c) Um tipo de método.
d) Um tipo de objeto.
7 – O lema da bandeira brasileira "Ordem e Progresso" inspiraram‐se:
a) Na Revolução Francesa.
b) Na filosofia positivista de Augusto Comte.
c) No marxismo.
d) No idealismo alemão.
8 – O conceito de mais‐valia é um conceito chave na teoria marxista. Mais‐valia é:
a) O valor da mercadoria.
b) O número de horas a mais trabalhadas pelo trabalhador para produzir o seu salário.
c) O valor do trabalho.
d) O valor do capital.
9 – O que Marx entende por alienação?
a) Perda da capacidade de pensar logicamente.
b) Separação entre o trabalhador e os meios de produção.
c)Trabalho mecânico.
d) Trabalho artesanal.
10 – Que classes sociais Karl Marx identifica ao longo da história?
a) Nobreza e burguesia
b) Burguesia e clero
c) Nobreza, burguesia e clero.
d) Burguesia e proletariado
11 – Para Karl Marx a sociedade humana é fruto de um processo constante de transformações sociais provocadas por um determinado fator:
a) As guerras.
b) A luta de classes.
c) As invenções científicas.
d) As disputas políticas.
13 – O ser humano busca no trabalho:
a) Status social
b).Ganhar dinheiro e enriquecer
c). Receber um salário que permita a sua sobrevivência
d) Receber um salário que garanta a sua sobrevivência e ainda sentir que seu trabalho é útil à sua família e a sociedade em geral.
14.‐Considerando os versos sublinhados, assinale as repostas que nos permitem relacionar a música de Gonzaguinha ao que estudamos sobre a questão: homem/trabalho nas pesquisas de Elton Mayo?
Um Homem Também Chora (guerreiro Menino)
Gonzaguinha
Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
tão fortes, tão frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os tornem refeitos
É triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz

Sociologia - EXERCÍCIOS DE SOCIOLOGIA TERCEIRO ANO

1)Caracterize as origens do fordismo, explicando-o.Embora o uso das máquinas no processo produtivo fosse significativo desde a década de 1890, somente na década de 1910, na fábrica da Ford em Detroit-USA, surgiu um sistema que gerenciasse de maneira mais produtiva o trabalho, a partir do taylorismo, surgido ainda no século anterior.

2)Como os avanços tecnológicos dos Pós-Guerra se relacionam com o fordismo?No após guerra, as mudanças e inovações surgidas por ocasião da Guerra se transformaram em produtos de uso civil. Deste modo surgiram o rádio, a televisão, as calculadoras e mesmo os carros, os quais passaram a ser produzidos e consumidos em massa.

3)Como era a organização da produção no fordismo?Longas esteiras, em grandes fábricas com grande número de trabalhadores, produziam em série, mercadorias para o consumo em massa.

4)O que era a produção em série e a produção em massa?A produção em série é a produção continuada e ininterrupta na linha de montagem; a produção em massa é a produção de um grande número de unidades de um mesmo produto, para mercados de massa.

5)Por que as indústrias fordistas trabalham com grandes estoques e grade número de trabalhadores?Os grandes estoques e grande número de trabalhadores eram utilizados para que a produção _para os mercados de massa_ não desacelerasse.

6)O que é o taylorismo? Quais são suas principais características?O taylorismo, método de gerenciamento do trabalho surgido ns finais do século XIX, se apoiava em três premissas básicas:SEPARAÇÃO: entre a concepção e a hierarquização do trabalho.SUBDVISÃO: do trabalho em porções iguais e repetitivas.HIERARQUIZAÇÃO: dos trabalhadores, com distinção clara entre chefia e operários.

7)Fale sobre a organização dos trabalhadores no fordismo.Os trabalhadores eram divididos basicamente em dois grupos: um de operários qualificados, que faziam trabalho especializado e outro de não qualificados, que realizavam o trabalho pesado. Além disso, os sindicatos se fortaleceram e os trabalhadores, organizados, conseguiram importantes conquistas sociais.Caracterize o consumo fordista.A característica mais marcante do consumo fordista, para além do consumo de massa, foi a expansão mercados internos, motivados pela expansão da massa salarial, a qual cresceu tanto pelas conquistas dos trabalhadores junto as empresas, quanto pelas ações do Estado, que ao ofertarem uma série de benefícios sócias, diminuíram a necessidade de poupança, favorecendo o consumo.

8)Qual o papel do Estado no fordismo? Por que o estado é pressionado a cumprir este papel?A ampliação do papel d Estado no período fordista se manifestou de duas formas principais: seja favorecendo os consumidores com políticas sociais diretas (aposentadorias, saúde, educação...) através do Welfare State [Estado do Bem-Estar Social] seja através de políticas de intervenção direta na economia, com a construção de infra-estrutura, atuação direta e planos de desenvolvimento regional e diminuição de desigualdades sociais.

9)Por que o Estado do Bem Estar Social (Welfare State) resultava antes de uma necessidade do capitalismo que de uma pressão do socialismo?As políticas de diminuição da desigualdade social e ofertamento de serviços público resultou na necessidade do fordismo de que o mercado consumidor se ampliasse; assim, essas políticas não visavam criar cidadãos, mas consumidores.

10)Como as políticas econômicas keynesianas se relacionavam com o fordismo?O Estado nacional de caráter keyneisiano passou a interferir mais diretamente na economia, por meio, por exemplo, dos gastos públicos, dos planos de desenvolvimento regional, da criação de um número significativo de empregos no setor público e do atendimento às garantias reivindicadas pelos trabalhadores, a exemplo da garantia de emprego. Também desenvolveu políticas destinadas a reduzir as desigualdades sociais, como as de transportes urbanos, habitação, saneamento, urbanização, educação e saúde.

11)Como se organizava o território no fordismo?O processo de urbanização acelerou-se, as cidades se transformaram em grandes manchas urbanas e as redes urbanas tornaram-se mais densas. A geografia do fordismo foi a das grandes concentrações urbano-industriais.

12)Que relação tem o surgimento das metrópoles e megalópoles com o fordismo?As metrópoles e as megalópoles com o objetivo de, ao reunir grandes massas de pessoas, reunir também consumidores e funcionários, de modo a favorecer o consumo

13)Quando e como o fordismo entra em decadência?O fordismo dependia do consumo de massa e de volumes salariais crescentes; no entanto, os salários não podiam crescer aponto de ameaçar os lucros empresariais; mantiveram-se os níveis salariais e os lucros aumentando os preços dos produtos, o que gerou uma crise inflacionária. Nos Estados Unidos, os gastos públicos se agigantaram, tanto interna como externamente - a guerra do Vietnã foi um exemplo. A moeda americana ficou debilitada e os produtos japoneses passaram a concorrer no mercado interno estado-unidense. Como os mercados internos eram a ênfase do fordismo, sua contínua perda para os japoneses significou a ruína do fordismo.

14)Diga as mudanças que ocorreram devido a crise do fordismo.A partir da década de 1970, a saída foi investir num novo modelo que rompesse com aquilo que era considerado a rigidez do modelo fordista. A ordem era flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de produção, nas formas de ocupação da força de trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados de massa, então saturados. As empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandiram espacialmente sua produção por continentes inteiros. Surgiram novos países industrializados. Os mercados externos cresceram mais que os mercados internos.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sociologia - A violência urbana

Tentativa de definição
Depois que as insurreições raciais agitaram as grandes cidades americanas em 1968, o sociólogo afro-americano Kenneth Clark declarou à comissão de Kerner reunida a pedido do presidente americano Lyndon Baines Johnson: « Eu leio este relatório de motins em Chicago de 1919 e é como se eu lesse o relatório da Comissão de investigação das desordens no Harlem de 1935, o relatório de investigação daquelas de 1943, o relatório da Comissão McCone sobre os motins em Watts. Eu devo sinceramente lhes dizer, membros da Comissão, que se acreditaria em “Alice no País das Maravilhas”, com o mesmo filme que nos é eternamente passado: mesma analisa, mesmas recomendações, mesma inação » [1].
Esta intervenção já datada destaca três grandes características do que se chama « violência urbana »:
Sua antigüidade relativa, como nos Estados Unidos da América.
Sua irrupção esporádica em períodos e em cidades diferentes.
A incapacidade aparente das autoridades para compreendê-las, e assim combatê-las.
Se a primeira característica deve ajudar os historiadores a defini-la, elas parecem imperceptíveis no exame das duas outras, seu caráter eminentemente eruptivo e os supostos erros das autoridades públicas em procurar delimitá-las, circunscrevê-las, impedem finalmente de definir com precisão o problema. Para contornar a dificuldade de delimitação do objeto e evitar o longo prazo de análise, os autores fazem conseqüentemente recurso a uma definição limitada do fenômeno que corresponde somente à sua forma mais recente, aquela que examina as últimas décadas, menos, os últimos anos. Assim Sophie Body-Gendrot, afirma que o termo « violência urbana » indica « ações ligeiramente organizadas de jovens que agem coletivamente contra os bens e as pessoas, generalmente ligadas às instituições, em territórios desqualificados ou prejudicados” »[2]. É a definição que se pode reter sabendo bem que ela é restritiva, e que tende, por exemplo, a naturalizar as pesadas variáveis que pesam nos atores que agem com violência, notadamente a juventude, uma variável que não é que pouco questionada pelos especialistas. É entretanto uma definição eficaz no sentido que não se pode por razões de concisão, ter toda ação violenta perpetrada num quadro urbano ser considerada « uma violência urbana », mesmo se este deslizamento for às vezes necessário.
A interiorização da violência pela urbanização
A violência em geral cobre uma diversidade de comportamentos ou atos individuais, interpessoais ou mesmo coletivos. De uma época como de uma sociedade à outra, como recordado pelo filósofo Yves Michaud, as formas de violência empregadas e sua intensidade variam muito. Falaríamos hoje, por exemplo, de uma « violência na estrada » ou de uma « insegurança no trânsito ». Mas não é tudo, nossa sensibilidade a estas formas de violência mudou. [3] Segundo o autor, as normas aumentaram. Assim, comportamentos violentos passados outrora pelo silêncio como o mau trato infantil ou as violências conjugais são hoje denunciadas: a violência circulando na esfera familial é assim particularmente recente. Tudo isto explica, sempre segundo Yves Michaud, a extensão da incriminação no direito penal. Num mesmo movimento, o direito penal vê sempre mais a violência como não sendo necessariamente propriamente física: o que implica a atualização da noção de « vias de fato » à categoria mais antiga de « golpes e feridas ».
Para explicar a sensibilização maior quanto à violência, nós podemos recorrer à célebre teoria da « civilização das maneiras » segundo a qual o Ocidente teria conhecido a partir da Idade Média um longo processo de polissagem das maneiras: os conflitos que antes se exprimiam em afrontamentos sangrantes tenderam de mais em mais a serem interiorizados, por exemplo, via o esporte[4]. Segundo Norbert Elias, o promotor da dita teoria, esta evolução não é mais imputável a um simples crescimento do "self control", mas à sua generalização à todos os setores da vida pública ou privada sob impulsos de vários fatores tais quais a escolarização, a difusão dos códigos de corte e, enfim, a urbanização. A cidade é aqui reputada estar na origem da interiorização de sua violência pelo homem: a evolução no seio das massas a impôs mais retenção nos seus atos.
A repreensão da violência às margens da cidade
Seguindo Nobert Elias, o historiador Jean-Claude Chesnais sublinhou por sua vez o declínio tedencial da violência nas sociedades modernas, estudou entretanto somente a violência própriamente física. [5]. Mas outros historiadores vieram a contradizer esta idéia após a publicação dos trabalhos do historiador americano Tedd Gurr, realizadas nos anos 1970-1980, e que interpretaram a violência em termo de privação: ela se desenvolveria quando a elevação das aspirações dos indivíduos não se acompanhava mais de uma melhora comparável de sua qualidade de vida. É o que teria acontecido com as sociedades ocidentais à partir dos anos 30, década na qual Ted Gurr observa uma reversão completa da tendência, isto é, um aumento agora durável da violência, do homicídio, da criminalidade, dos roubos ou da delinqüência, seguindo uma curva em J. A tese de Ted Gurr é às vezes evocada pelo nome de « teoria da curva em J » por esta razão. Na França, segundo Sebastian Roché, esta escalada continua a se observar a partir da metade dos anos 50. Ela é independente, segundo ele, do contexto econômico : « A delinqüência aumenta particularmente durante os anos de reconstrução e de prosperidade. Depois da metade dos anos 80, ela tende a se estagnar, e isto apesar do aumento do desemprego de longa duração e dos fenômenos de exclusão »[6]. Mesmo se este diagrama é ele-mesmo controverso, é importante tê-lo na cabeça durante o estudo das violências urbanas propriamente ditas, que apresentam uma evolução diferente.
Anteriormente, devemos nos recordar que um dos princípios da organização da cidade sempre foi pensado como o recuo da violência para fora de seus muros; em oposição à campanha ao redor, uma campanha considerada o lugar de todas as jaqueiras e pilhagens, uma campanha onde o movimento de pacificação ocorreu tardiamente[7], o que explica o êxodo rural maciço para « esta tênue luz libertária do anonimato » [8]das cidades, de acordo com a expressão da historiadora Elisabeth Claverie. É necessário ver contudo, que este anonimato é ambivalente porque também é uma condição de existência de todas as espécies de tráfegos quem podem finalmente contribuir para a violência da cidade.
Seja como for, como observa por exemplo Michel Foucault em "Vigiar e punir", os grandes complexos industriais europeus foram construídos na orla das cidades para prevenir as revoltas operárias. Do mesmo modo, nos Estados Unidos, os campus foram construídos fora das cidades para afastar a ameaça estudantil… As populações mais demunidas em busca de trabalho s'instalaram também nos subúrbios. Ora, no inconsciente coletivo, o subúrbio continua por excelência o lugar à margem, aquele que acolheria marginais, bárbaros, em outros termos zulus, para retomar um vocábulo idôneo: a partir da Idade Média, o subúrbio é este espaço que se situa a uma milha da cidade e onde cessa o desterro, ou seja, o poder senhoril; este espaço para além do qual não se faz mais parte da Cidade e, por conseguinte da civilização[9]... As violências “urbanas” não são, por assim dizer, mais do que violências suburbanas; em todo caso, excluem-se da definição as violências perpetuadas no seio das manifestações que reivindicam quanto a elas logicamente uma maior visibilidade no centro da cidade: a violência se encontra no coração mesmo da cidade pelo fato que esta ultima é o centro do poder político a derrubar. Para o político, que é tentado a pensar a violência como contagiosa[10], esta aposta na segregação poderia finalmente ser feliz.
O aparecimento da violência urbana e conexões

Um automóvel incendiado na França em 2005.
Apesar da repressão de todos os tempos, a cidade tem sido sempre palco de violência. Assim, em uma carta dirigida ao prefeito de Londres 1730, o escritor Daniel Defoe reclamava que « os cidadãos não mais se sentem seguros em suas próprias casas, nem sequer atravessando as ruas »[11]. As « violências urbanas » tal qual nós tivemos definido aparecem claramente nos Estados Unidos por volta dos anos 60, na França, no início dos anos 80. Na seqüência destes incidentes, as violências urbanas serão regularmente perpetradas, mas em escala menor (como o vandalismo e, a partir dos anos 80, o hooliganismo por exemplo), tornando-se quotidiana e assumindo diferentes formas, tanto contra a propriedade quanto contra as pessoas, elas podem ser físicas ou simbólicas; erupções ocorrendo ocasionalmente como em 2005 por toda a França.
A violência urbana ocorre na maioria das sociedades modernas. No entanto, as manifestações como as causas da violência variam entre as sociedades, assim, é errôneo acreditar que a violência urbana que assistimos num determinado lugar seja apenas a transposição de situações de um outro espaço[12].
As causas do aparecimento das violências urbanas

Grafites à Viena, na Áustria.
Se os focos de violência urbana são frequentemente desencadeado por rumores de abuso policial ou algum abuso de autoridade, as degradações e agressões cometidas geralmente por jovens no espaço da cidade apresentam varias causas cruzadas que muitas vezes tornam-se seus resultados numa série de círculos viciosos engrenando o empobrecimento:
Uma situação familiar crítica. Onde a liberação do controle parental sobre a juventude implica numa falta de vigilância e punição aos contravenantes da ordem e das regras da sociedade; a eficácia da fiscalização pelos vizinhos ou pela comunidade ou mesmo pela sociedade não remedia que parcialmente esse problema.
A reprovação escolar, que pode ela mesmo decorrer da crise familiar. Assim, nos dias de hoje, a violência nas escolas é o rejeito mesmo da instituição, sobretudo pelos reprovados que reprovam as humilhações subidas. A comunhão de alunos em deficiência escolar com os outros implica a contaminação dessas deficiências e uma redução da qualidade no ensino em geral.
O desemprego, que se alimenta da falência da escola. Si ele pode engendrar a violência, esta o favorece em retorno, criando mecanismos de discriminação ao emprego ou, simplesmente, destruindo os bens que servem a criar o valor-agregado e, assim, os empregos.
O desenvolvimento de uma economia paralela, incluindo o tráfico de drogas e o comércio de mercadorias roubadas. A concorrência entre gangs ou organizações criminosas favorisou a circulação de armas.
A ausência de mobilidade geográfica dos mais demunidos. Ela tende à acentuar ao fio da partida dos mais fortunados uma cisão geográfica inelutável, eventualmente reforçada no dia à dia por um fraco serviço de transportes públicos. A exigüidade das moradias nas quais eles são condenados a viver (às vezes com uma família numerosa) empurram os jovens a tentar se apropriar do espaço público atenante, à procurar à controlar os grandes espaços monóicos como as ruas e os lugares de passagem estratégicas. Uma vez esses territórios conquistados, eles operam a uma verdadeira marcação, "tags" ou grafitagem por exemplo, mas também à um controle mais stricto, pela medida de pagamentos ilícitos de bens público ou privados, chamadas de « taxas », que é um termo de direito financeiro que faz referência ao monopólio estatal de cobrar impostos.
As praticas ditas desviantes como a toxicomania[13], pratica que necessita a instalação do tráfico pelo qual a proteção exige o recurso à violência.
O consumo da violência pela televisão ou jogo video.
A falta de influencia política[14] e a sous-mediatisação[15], que força o recurso à violência para se fazer entender. A violência e a força não são então que um repertório de ações que procedem a avantaje de serem mobilizáveis a todo o momento.
Os conflitos religiosos, os refúgios comunitários (o anti-semitismo no islamismo, por exemplo)
A discriminação racial e as rivalidades éticas.
A estas explicações clássicas adicionam-se causas culturais[16]:
Uma crise da masculinidade, que esta ligada à mecanização do trabalho que desvalorizou a força física. Ela favorisa as violências sexuais; violência e virilidade estão aqui associadas.
Nos países de imigração, o rompimento com os laços culturais e uma má integração ocasionada pela busca de reconhecimento e justiça são fatores de estímulo à violência. A desintegração de comunidades pode levar ao rompimento com a sociedade.
As dificuldades de intervenção frente à violência urbana ela-mesmo
Na medida em que o Estado se define no sentido weberiano como uma empresa de monopolização da violência física e legítima, a irrupção das « violências urbanas » é particularmente grave do ponto de vista do político: ela põe em dúvida a capacidade das instituições estatais a defender seus cidadãos, que é a base do pacto social, a promessa do Estado. Isto é tanto mais verdade que o monopólio da violência do Estado seria atacado de todos os lados. Assim, de acordo com Sebastian Roché, o aumento da violência que se conhece desde o pós-guerra não é imputável a uma categoria específica de indivíduos, mas a uma generalização dos comportamentos agressivos nas diferentes camadas da população. De acordo com ele, observações, por exemplo, revelaram que bons alunos também praticam o "racket" (extorsão, roubo com violência) fora da escola.
De acordo com o sociólogo, o Estado deveria dar uma resposta nítida ao problema da violência das cidades se quiser continuar a ser credível. A solução oscilando entre repressão e prevenção. Esta segunda necessita em todo caso a intervenção de uma justiça forte. Ora, como observa Yves Michaud, a violência é uma noção muito pouca utilizada pelos juristas porque bastante vaga e mal definida. Ela necessita também, enquanto política pública, de uma avaliação eficaz, o que significa um instrumento estatístico eficaz. Ora, este apresentaria nomeadamente problemas, porque é utilizado por aqueles mesmos que têm interesse a manipulá-lo, o governo. É igualmente um problema se este instrumento não é estável no tempo.
Estes problemas podem ser contornados pela introdução de análises qualitativas das diferentes formas de violência urbana e de sua repreensão, no âmbito de programas específicos. Mas nem todas as violências são quantificáveis. Também, depois de alguns anos, inquéritos de vitimação são realizados para melhor apreender qualitativamente os fenômenos de violência. Consistem em interrogar as pessoas sobre os incidentes dos quais teriam sido vítimas e si elas teriam ou não os declarados à polícia. Estes inquéritos são antigos nos Estados Unidos. (International Crime of Victimization Survey)
Em todo caso, vários argumentos opõem-se aqui à idéia de um aumento recente das violências urbanas: a falta de fiabilidade ou mesmo existência de meios estatísticos, o fato de o aumento ser um melhor recolhimento das queixas pela polícia, ou mesmo uma maior sensibilidade dos indivíduos à violência, que os inclinaria a delatar mais facilmente crimes. Sinala-se também que os números permanecem médios que podem esconder fortes disparidades geográficas e sociais. De fato, mais que um aumento da violência, é a uma diversificação das vítimas e das instituições visadas que nós assistiríamos.
Em geral, atualmente a luta contra a violência urbana empresta várias formas:
O reforçamento da presença policial nas zonas sensíveis pela redistribuição dos efetivos e a redefinição dessas zonas, dois movimentos que podem acentuar involuntariamente a desestruturação dos espaços visados ou o sentimento de desestruturação. Polícias dotadas de melhores equipamentos pessoais podem fazer temer os jovens de um reforço do controle que pesa já sobre eles. Recorda-se à respeito, na seqüência de Michel Foucault, que a delinqüência é apenas uma evolução nas nossas sociedades que substitui antigas formas de ilegalidades que não podiam, quanto a elas, ser controladas a distância, de longe. Esta evolução opera-se por meio da aplicação de novos meios técnicos e tecnológicos de vigilância. Hoje, a maioria dos agitadores de desordem interpelados podem ser "conhecidos" da polícia pelo recidivismo.
Tentativas de discriminação positiva em prol de bairros desfavorizados.
A renovação urbana, mais ou menos importante em função dos países. Nos últimos dez anos, a Alemanha consagrou anualmente 3,5% do seu PIB à reunificação e à renovação urbana. Já a França (em 2003), esse esforço não representou mais do que 5,7 bilhões, ou seja, 0,36% de seu PIB.
A escolha de combater os efeitos da violência, notadamente o sentimento de insegurança
Contrariamente aos outros tipos de violências civis, as « violências urbanas » implica conseqüências para além das suas vítimas diretas. Como o menciona Yves Michaud, a nossa relação para com a realidade violenta não passa somente por parte dela pela experiência direta que temos: passa também doravante pelos testemunhos e as informações que recebemos, notadamente pela mídia, mas também pelas empresas de segurança quem têm também grande interesse à acentuar nossa percepção da violência, já que a segurança representa um mercado conseqüente. Assim cria-se essa situação paradoxal nas quais poucas pessoas afirmando sentir a insegurança foram elas mesmas atacadas. É o que se chama "sentimento de insegurança". Para uns, tal sentimento é o produto de fantasmas, em contradição com a baixa tendencial da violência nas sociedades modernas. Para outros, como Sebastian Roché, traduz ao contrário um aumento efetivo da delinqüência e da criminalidade, bem como de um fenômeno pouco levado em consideração há alguns anos: as incivilidades[17], cujo estudos não começaram nos Estados Unidos que nos anos 1970. A dificuldade vem das estatísticas que ignoram as incivilidades legais como a impolidez, etc.: interessam-se apenas às incivilidades ilícitas.
Do ponto de vista político, na medida onde ele concerne às massas, o sentimento de insegurança ligado às violências urbanas é talvez mais importante que a violência e a degradação elas-mesmas, pois ele é a primeira força que determina o voto securitário, além da violência real. O político procura assim à medi-lo, em seguida à fazê-lo eventualmente recuar, o que pode ocasionar problemas complexos: deve-se colocar as forças de polícia lá onde verdadeiramente ela é necessária ao risco de fazer temer um abandono do resto da população, ou ao contrário, as concentrar lá onde elas não jogam que um papel simbólico ao risco que a situação dos bairros abandonados torne-se incontrolável na sua relativa ausência? Resumidamente, a luta contra as violências urbanas compromete por conseguinte dois cursores cujos movimentos são parcialmente ligados, e apenas parcialmente: o primeiro o da violência real, o segundo da violência sentida. Baseando-se na democracia participativa, por exemplo, a política pública ideal na luta contra as violências urbanas seria uma mistura de ação e de representação que seria condenada à não ter um êxito que parcial.




Conclusão
Como afirma Yves Michaud, « a maioria das sociedades comporta subgrupos onde o nível de violência é sem medida com aquele da sociedade ou, ao menos, com as avaliações comuns que prevalecem lá: tal é o caso dos grupos militares, das gangs de jovens ou das equipes esportivas ». Tal é também o caso dos jovens que produzem a violência urbana tal como definido acima. Nos grupos que formam esses jovens, a violência mesma seria a norma: ver-se-ia bem lá ter feito a prisão. Essa passagem credibilisaria o indivíduo e, assim fazendo, o permitiria de não mais fazer recurso à violência física direta para ser respeitado. Nesses casos de inversão da norma, mesmo as lutas de poder no seio de um mesmo grupo também são lutas violentas, e isso porta enormes conseqüências no espaço circunvizinho, que é também aquele dos terceiros: na cidade, nos espaços públicos, nos transportes urbanos, etc.
As vítimas diretas ou indiretas dessas violências sofrem frequentemente menos com a dor infligida que com a sua incapacidade a reagir de maneira apropriada à violência que é involuntariamente imposta, isto é, geralmente, pela violência. Assim, a maioria dos traumatismos de que sofrem aqueles que após terem sido agredidos de uma maneira ou de outra, releva de fato a sua lealdade extrema no que diz respeito ao estado, o qual vem se juntar à eles afim de não ceder à violência mesmo quando esta se impõem. Pode-se requerer então das autoridades em retorno à aquilo que eles ressentem como um sacrifício, um reconhecimento que os possa instituir como vítimas, vítimas eventuais qualificadas à falar e agir contra a fonte de violência que lhes a alcançou. Seria lá o desafio último que a violência urbana oferece às autoridades públicas. Degradando a qualidade de vida de todos, elas transformariam cada um em produtor de queixas às quais as autoridades terão cedo ou tarde que responder se elas não quiserem perder a confiança de seus cidadãos e suas obediências.