domingo, 31 de maio de 2009

Sociologia...O mercado da fé - Frei Beto

Paquiderme numa avenida de trânsito acelerado, a Igreja Católica não consegue se modernizar
Como os supermercados, as igrejas disputam clientela. A diferença é que eles oferecem produtos mais baratos e, elas, prometem alívio ao sofrimento, paz espiritual, prosperidade e salvação.
Por enquanto, não há confronto nessa competição. Há, sim, preconceitos explícitos em relação a outras tradições religiosas, em especial às de raízes africanas, como o candomblé e a macumba, e ao espiritismo.
Se não cuidarmos agora, essa demonização de expressões religiosas distintas da nossa pode resultar, no futuro, em atitudes fundamentalistas, como a “síndrome de cruzada”, a convicção de que, em nome de Deus, o outro precisa ser desmoralizado e destruído.
Quem mais se sente incomodada com a nova geografia da fé é a Igreja Católica. Quem foi rainha nunca perde a majestade... Nos últimos anos, o número de católicos no Brasil decresceu 20% (IBGE, 2003). Hoje, somos 73,8% da população. E nada indica que haveremos de recuperar terreno em futuro próximo.
Paquiderme numa avenida de trânsito acelerado, a Igreja Católica não consegue se modernizar. Sua estrutura piramidal faz com que tudo gire em torno das figuras de bispos e padres. O resto são coadjuvantes. Aos leigos não é dada formação, exceto a do catecismo infantil. Compare-se o catecismo católico à escola dominical das igrejas protestantes históricas e se verá a diferença de qualidade.
Crianças e jovens católicos têm, em geral, quase nenhuma formação bíblica e teológica. Por isso, não raro encontramos adultos que mantêm uma concepção infantil da fé. Seus vínculos com Deus se estreitam mais pela culpa que pela relação amorosa.
Considere-se a estrutura predominante na Igreja Católica: a paróquia. Encontrar um padre disponível às três da tarde é quase um milagre. No entanto, há igrejas evangélicas onde pastores e obreiros fazem plantão toda a madrugada.
Não insinuo assoberbar ainda mais os padres. A questão é outra: por que a Igreja Católica tem tão poucos pastores? Todos sabemos a razão: ao contrário das demais igrejas, ela exige de seus pastores virtudes heroicas, como o celibato. E exclui as mulheres do acesso ao sacerdócio. Tal clericalismo trava a irradiação evangelizadora.
O argumento de que assim deve continuar porque o Evangelho o exige não se sustenta à luz do próprio texto bíblico. O principal apóstolo de Jesus, Pedro, era casado (Marcos 1, 29-31); e a primeira apóstola era uma mulher, a samaritana (João 4, 28-29).
Enquanto não se puser um ponto final à desconstrução do Concílio Vaticano II, realizado para renovar a Igreja Católica, os leigos continuarão como fiéis de segunda classe. Muitos não têm vocação ao celibato, mas sim ao sacerdócio, como ocorre nas igrejas anglicana e luterana.
Ainda que Roma insista em fortalecer o clericalismo e o celibato (malgrado os escândalos frequentes), quem conhece uma paróquia efervescente? Elas existem, mas, infelizmente, são raras. Em geral, os templos católicos ficam fechados de segunda a sexta-feira (por que não aproveitar o espaço para cursos ou atividades comunitárias?); as missas são desinteressantes; os sermões, vazios de conteúdo. Onde os cursos bíblicos, os grupos de jovens, a formação de leigos adultos, o exercício de meditação, os trabalhos voluntários?
Em que paróquia de bairro de classe média os pobres se sentem em casa? Não é o caso das igrejas evangélicas, basta entrar numa delas, mesmo em bairros nobres, para constatar quanta gente simples ali se encontra.
Aliás, as igrejas evangélicas sabem lidar com os meios de comunicação, inclusive a TV aberta. Pode-se discutir o conteúdo de sua programação e os métodos de atrair fiel. Mas sabem falar uma linguagem que o povo entende e, por isso, alcançam tanta audiência.
A Igreja Católica tenta correr atrás com as suas showmissas, os padres aeróbicos ou cantores, os movimentos espiritualistas importados do contexto europeu. É a espetacularização do sagrado; fala-se aos sentimentos, à emoção, e não à razão. É a semente em terreno pedregoso (Mateus 13, 20-21).
Não quero correr o risco de ser duro com a minha própria igreja. Não é verdade que ela não tenha encontrado novos caminhos. Encontrou-os, como as comunidades eclesiais de base (CEBs). Infelizmente não são suficientemente valorizadas por ameaçar o clericalismo.
Aliás, as CEBs realizarão seu 12º encontro intereclesial de 21 a 25 de julho deste ano, em Porto Velho (RO). O tema, “Ecologia e missão”; o lema, “Do ventre da Terra, o grito que vem da Amazônia”. São esperados mais de 3 mil representantes de CEBs de todo o Brasil.
Bom seria ver o papa Bento XVI participar desse evento profundamente pentecostal.

Fonte: Estado de Minas, Caderno Cultura, 21/05/2009.

Filosofia e sociologia...Desafio ético - Frei Beto

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China.Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos,com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam.Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa,mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente.Aquilo me fez refletir: "Qual dos dois modelos produz felicidade?"Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: "Não foi à aula?"Ela respondeu: "Não, tenho aula à tarde".Comemorei: "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde"."Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..." "Que tanta coisa?", perguntei."Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.Fiquei pensando: "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional.Não adianta ser um super-executivo se não se consegue se relacionar com as pessoas.Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica;hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:"Como estava o defunto?"."Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!"Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir- se na realidade, conhecer a realidade.Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega AIDS, não há envolvimento emocional, controla- se no mouse.Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra!Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real!É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais.A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito.Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema:a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos.A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva.Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres:"Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!"O problema é que, em geral, não se chega!Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista.Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde?Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma su­gestão.Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro.Porque, para fora, ele não tem aonde ir!O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.Assim, pode-se viver melhor.Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis:amizades, auto-estima, ausência de estresse.Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história.Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center.É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas;neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos.E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.Quem pode comprar à vista, sente- se no reino dos céus.Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório.Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's.Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:"Estou apenas fazendo um passeio socrático."Diante de seus olhares espantados, explico:Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas.Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz."
Sugestão:
Vídeo educativo sobre o CONSUMO INSUSTENTÁVEL – A História das Coisas O CONSUMO INSUSTENTÁVEL - numa linguagem bem simples para entender como nosso modo de vida está aniquilando com o Planeta.
Original produzido nos Estados Unidos (The History of Stuff)
http://www.unichem.com.br/videos.php (versão em português)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Filosofia...Ética

“Como o homem imagina em sua alma, assim ele é”.(Provérbios 23:7)
Esta passagem reflete uma verdade fundamental da vida e da existência: nós somos e agimos de acordo com aquilo em que acreditamos. Este ponto é fundamental para podermos entender a principal diferença entre a maneira cristã de ver o mundo e outras cosmovisões, em particular, no que tange à ética ou à tomada de decisões.
Tomando Decisões
Todos nós tomamos, diariamente, dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver com nossa vida, com a vida da empresa e a de nossos semelhantes.
Ninguém faz isso no vácuo.
Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que, em quase nenhuma área do saber, é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados por aquilo em que cremos.
Quando elegemos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores e noções de é certo ou errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.
Cada um de nós tem um sistema de valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções.
As Alternativas Éticas
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental.
As chamadas éticas humanísticas tomam o ser humano como seu princípio orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas".
O hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo.
Já o utilitarismo tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo, dizimando milhares de judeus em nome do que era útil, demonstrou que na falta de quem decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos.
O existencialismo, por sua vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos.Seu principio orientador garante que o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético dominante na sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual.
A ética naturalística toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e desaparecer na medida em que a natureza evolui. Logo, tudo o que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto é certo. Numa sociedade dominada pela teoria evolucionista não foi difícil para esse tipo de ética encontrar lugar. Cresce a aceitação pública do aborto (em caso de fetos deficientes) e da eutanásia (elimina doentes, velhos e inválidos).
Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são inadequadas porque:
· não fornecem base sólida para justificar a misericórdia, o perdão, o amor e a preservação da vida;
· estão em constante mudança e não têm como oferecer paradigma duradouro e sólido;
· tanto o homem quanto a natureza, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos da entrada do pecado no mundo.
A Ética Cristã
A ética cristã, por sua vez, parte de diversos pressupostos associados ao Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um único Deus, criador dos céus e da Terra. Vê o homem não como fruto de um processo natural evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais), mas como criação de Deus, ao qual é responsável moralmente.
Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus. Como tal, não é moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movidas, acima de tudo, pela cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística). Acredita, porém, na possibilidade de mudança de orientação mediante mudança da sua natureza.
A vontade de Deus para a humanidade encontra-se na Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir a obedecê-lo.
A ética cristã, portanto, é o conjunto de valores morais baseados nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo.
Ética
A palavra Ética é originada do grego ethos, que significa modo de ser, caráter. Através do latim mos (ou no plural mores), que significa costumes, derivou-se a palavra moral.[1]. Em Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade.

Conclusão
Como membros de uma universidade confessional que professa o cristianismo histórico, é importante que entendamos os valores e as crenças que estão por detrás dos processos decisórios e dos alvos da instituição.
Como membros de uma universidade confessional, devemos sempre guiar nosso labor acadêmico e administrativo pelos valores do Cristianismo.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sociologia...A convivência humana

A CONVIVÊNCIA HUMANA
Os contatos sociais e o isolamento social.
É interessante notarmos que o homem é ser social por natureza, sendo que isso só se torna real quando esse esta vivendo em sociedade.
Além disso, todo homem nasce como membro de um pequeno grupo, que é a família. Posteriormente esse passa a pertencer a outros grupos, como o de: amizade, de vizinhança, o da escola, da igreja, da cidade, dos grupos profissionais
Conseqüentemente, tanto do ponto de vista social, como do ponto de vista biológico, a vida social, em grupos e em sociedade, é condição de sobrevivência da espécie humana.
Outro ponto destacado pelo autor diz respeito ao fato de que: o homem vivendo em sociedade adquire a natureza social, formando e desenvolvendo sua personalidade; levando-o a criar uma cultura, através da qual ele satisfaz as suas necessidades, adaptando-se ao meio ou modificando-o. E mais, vivendo em sociedade, o homem está em permanente interação com seu semelhante, estabelecendo relações sociais, adquirindo consciência grupal, onde o resultado da convivência social, caracterizada por interações mentais e conscientes entre os indivíduos.
Já na segunda parte do texto é destacado que os contatos sociais são definidos como fases incipientes das associações humanas, através dos quais ocorrem as interações sociais; produzindo os seguintes resultados:
- no indivíduo: socialização; estimulação da inteligência, libertação dos indivíduos dos costumes cristalizados; auxilio para a solução de problemas novos;
- no grupo: justaposição de povos, costumes, instituições sociais e mudanças sociais; aumento dos problemas, podendo levar até à desorganização social.
É importante realçarmos que o aumento de problemas sociais deve-se ao contato com sociedades diferentes, que apresentam valores e padrões de comportamento até antagônicos. Assim, de acordo com W. I. Thomas e Florian Znaniecki entenderam a desorganização social como uma diminuição da influência das regras vigentes de comportamento sobre os membros do grupo.
Outra definição ditada no texto diz que a desorganização social é dada pela sociedade que, diante de seus problemas, perde a capacidade de restabelecer o comportamento anterior.
Além disso, os contatos sociais podem ter as seguintes bases:
- físicas: são aquelas fundadas em percepções sensitivas, isto é, aqueles que são estabelecidos por meio da visão, olfato, audição e tato.
- Psíquica: são aquelas que supõem uma troca de idéias ou emoções entre os indivíduos; a qual estabelecida muitas vezes por meio do simbolismo verbal.
- Psicofísicas: são aqueles contatos humanos que abrangem também os contatos psíquicos.
E mais, os contatos humanos podem ser :
- diretos: que são aqueles que são estabelecidos de indivíduo para indivíduo, sem intermediários, e com a percepção física do mesmo;
- indiretos: são aqueles onde existem intermediários ou meio técnicos.
Agora, de acordo com os sociólogos americanos Cooley, Summer e Shaler os contatos podem ser ainda classificados em:
- PRIMÁRIOS: são aqueles que supõem associação intimam e neles as sensações auditivas e visuais estão sempre presentes; como os da família, dos grupos de vizinhos, das vilas e pequenas cidades e dos grupos de amizade;
- SECUNDÁRIOS: são aqueles caracterizados pela maior distância social existente entre os indivíduos que entram em contato; como o cobrador e o passageiro de um veículo, entre o vendedor e comprador de uma loja; etc.
É mais, os contatos que se fazem sempre por meios indiretos são secundários (rádio, telefone, serviço postal e outros), que são freqüentes nas grandes cidades.
De acordo com Summer, os contatos podem ser classificados em:
- DO NOSSO GRUPO: são aqueles que temos como os indivíduos pertencentes a um determinado grupo, os quais se se identificaram com os membros deste grupo e tornam-se conscientes das diferenças em relação aos grupos alheios.
- DO GRUPO ALHEIO: é aquele formado por pessoas que podem ser: estranhas, adversárias, forasteiras ou inimigas; sendo que para essas, nossos sentimentos são de indiferença e, às vezes, de inimizade.
Dessa maneira, para os membros do nosso grupo somos leais, camaradas, prontos a colaborar; enquanto que para o grupo alheio somos desleais, hostis. E nos casos de conflito as relações entre as pessoas do nosso grupo tornam-se mais coesas, enquanto se alarga a distância social em relação as pessoas do grupo alheio.
Já Shaler os contatos podem ser:
- CATEGÓRICOS: são aqueles que são mantidos com pessoas de grupos diferentes dos nossos, com as quais não temos intimidade ou que vemos pela primeira vez, levando-nos a trata-las não como indivíduos reais, mas de acordo com as categorias a que pertencem ou a que julgamos pertencer.
- SIMPÁTICOS: ocorre quando há identificação de interesses e identidade entre as pessoas. Ou seja, uma determinada pessoa não é trata como tal, mas por suas características.
O isolamento social por sua vez pode ser geográfico ou pela baixa comunicação social entre indivíduos ou grupos. Isso ocorre devido a vários fatores como:
- geográficos; - biológicos; - habitudinais; - psicológicos.
Existem no relacionamento social vários tipos de isolamento, como:
a) ISOLAMENTO ESPACIAL: ocorre quando ocorre o impedimento de comunicação ou baixa comunicação devido a fatores geográficos. Ou seja, ocorre quando esses fatores separam grupos de indivíduos de outros, impedindo contatos e comunicação.
b) ISOLAMENTO ESTRUTURAL: é o impedimento de comunicação ou a baixa comunicação devido a diferenças na estrutura biológica, proporcionando às pessoas experiências diferentes; como entre os indivíduos de idade e sexo diferentes.
c) ISOLAMENTO HABITUDINAL: ocorre devido as diferenças de costumes, língua, credo, e religião que levam os indivíduos ao impedimento ou à baixa comunicação, determinando o isolamento habitudinal. Esse isolamento também pode ocorrer entre o primitivo e o civilizado, entre o ocidental e o oriental, entre o cristão e o budista, etc.
d) ISOLAMENTO PSÍQUICO: é o sutil impedimento de comunicação devido à participação nas experiências de grupos diversos dentro da mesma cultura. Ou seja, se dá através das diferenças de atitudes, sentimento, pontos de vista, interesses dos indivíduos pertencentes a uma mesma cultura.
Existem ainda outros elementos que reforçam esse isolamento social, como:
- as atitudes sócias e particulares como o egoísmo, o etnocentrismo, preconceitos, timidez, pedantismo, retraimento, aversão, suspeitas.
- os arranjos grupais que enumeram os sistemas de castas, classes, sociedades secretas, partidos, seitas e as organizações profissionais.
Todo esse isolamento produz algumas conseqüências, tanto no indivíduo como num grupo. Vejamos:
a) no indivíduo: se for completo resulta no homo ferus; e se não for completo, mais pronunciado, produz no indivíduo isolado, uma mentalidade retardada.. Ou seja, numa diminuição das funções mentais ou até mesmo a loucura.
b) de um grupo: produz costumes cristalizados e equilíbrio. Além disso, produz uma cultura de folk, ou seja, uma sociedade homogênea.
Já quanto à cultura FOLK e CIVILIZAÇÃO observamos que:
- isolamento e o contato levam ao desenvolvimento de duas culturas contrastantes, são denominadas pelos sociólogos e antropólogos de cultura de folk e civilização.
- Num grupo isolado, como num grupo com as características de uma cultura FOLK, o indivíduo leva uma vida quase estável e uniforme, sendo que seus problemas serão os mesmos que tiveram os indivíduos de gerações passadas de seu grupo.
- Em muito momento é necessário ao homem isolar-se; pois essa atitude muitas vezes preserva a sua personalidade, bem como poderá ajuda-lo a uma melhor produção. Ex.: cientista, que pesquisa um novo remédio.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

História...O renascimento

A idade Moderna caracterizou-se pelos renascimentos do comercio, das cidades, surgimento dos estados nacionais, e de um grande desenvolvimento das ciências e arte, e sobretudo do capitalismo comercial.
1. Renascimento Comercial
Notava-se um crescente desenvolvimento do comércio desde meados da Idade Média. Aos poucos, pessoas que por vários motivos não encontravam espaços nos feudos medievais (como era o caso dos judeus que por não serem católicos não poderiam receber terras) começaram a se dedicar ao comércio. Percorriam estradas péssimas e até abriam outras até então inexistentes, transportando produtos trazidos do Oriente, preciosos para os europeus, que tinham tido conhecimento deles durante as Cruzadas.
2. Renascimento Urbano
Os comerciantes chamados pejorativamente de "pés empoeirados", (devido aos caminhos precários que percorriam), enriquecem e tem o seu poder e prestígio aumentados, passando a ser conhecidos por "burgueses", por serem mais facilmente encontrados dentro ou junto dos burgos onde realizavam comércio. Esses burgos eram pequeninas cidades medievais, escuras e sujas, protegidas por muros, em lugares altos, e sem nenhum equipamento urbano.Com o comércio, estas cidades também renascem e tem a sua população aumentada, enquanto outras surgem nas rotas comerciais.
3. Surgimento dos Estados Nacionais
Os burgueses aliam-se aos reis na defesa de seus interesses, (como aconteceu em Portugal, Espanha, França e Inglaterra) e conseguem deles a aplicação de uma nova política econômica, conhecida como Mercantilismo, visando tornar países, comerciantes, e reis mais ricos. A adoção desta política comercial explica o grande desenvolvimento do comércio internacional e da consolidação do capitalismo comercial. O mercantilismo tinha certas características que ajudam a compreender muitas atitudes tomadas por Portugal durante a colonização do Brasil.
4. Renascimento Cultural
O modo de pensar muda claramente no transcorrer da Idade Média. O Teocentrismo medieval foi substituído pelo Antropocentrismo. Após as grandes navegações, os conhecimentos baseados na afirmação das autoridades religiosas passam a ser questionados. É o tempo da busca de um novo conhecimento, baseado na experimentação, na observação e na crítica. É o momento de se estudar o Homem e a Natureza. Este Renascimento Cultural vai se estendendo pela Itália, França, Portugal, Espanha, Países Baixos, refletindo o Humanismo crescente, e revelando artistas como Rafael, Leonardo, Michelangelo, e cientistas como Copérnico, Galileu, Descartes. A Igreja Católica, que predominou soberana durante a Idade Média como guardiã do Teocentrismo, sofre críticas, que levam a surgimento de novos movimentos religiosos, e a criação de novas igrejas, como as protestantes, que respondem mais adequadamente ao "espírito da época", aos novos tempos capitalistas, estimulando e justificando o lucro.

Cientistas do renascimento
Francis Bacon,
também referido como Bacon de Verulâmio (Londres, 22 de Janeiro de 1561 — Londres, 9 de abril de 1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio), visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna.
Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns.
Sucessivamente, durante o reinado de Jaime I, desempenhou as funções de procurador-geral (1607), fiscal-geral (1613), guarda do selo (1617) e grande chanceler (1618). Neste mesmo ano, foi nomeado barão de Verulam e em 1621, barão de Saint Alban. Também em 1621, Bacon foi acusado de corrupção. Condenado ao pagamento de pesada multa, foi também proibido de exercer cargos públicos.
Giordano Bruno (1548Roma, 17 de fevereiro de 1600) foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano, condenado à morte na fogueira, pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício), por heresia. É também referido como Bruno de Nola ou Nolano.
Nicolau Copérnico (em polaco Mikołaj Kopernik, em latim Nicolaus Copernicus) (Toruń, 19 de Fevereiro de 1473Frauenburgo, 24 de Maio de 1543) foi um astrónomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico.
Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente teoria geocêntrica (que considerava, a Terra como o centro), é tida como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.
Johannes Kepler (Weil der Stadt, perto de Stuttgart, 27 de dezembro de 1571 - Regensburgo, 15 de novembro de 1630) foi um astrônomo. Formulou as três leis fundamentais da mecânica celeste, conhecidas como leis de Kepler. Dedicou-se também ao estudo da óptica.
Andrés Laguna de Segovia (Segovia, 1499 — Guadalajara, 1559), foi um médico, fármaco, botânico e humanista espanhol. Tradutor e comentador de Dioscórides.
Ambroise Paré (1510-1590) foi um cirurgião francês. Introduziu várias inovações na prática médica.
Miguel Servet (também grafado Serveto ou Serbeto) y Conesa (em latim, Michael Servetus, ) (Villanueva de Sigena, Espanha, 29 de Setembro de 1511 - Genebra, 27 de Outubro de 1553), foi um teólogo, médico e filósofo aragonês, humanista, homem de grande cultura e conhecimento multidisciplinar, interessando-se por vários assuntos como: astronomia, meteorologia, geografia, jurisprudência, matemática, anatomia, estudos bíblicos e medicina. Mas os campos nos quais mais se destacou foram Teologia e Medicina.
Foi perseguido pelos católicos na Espanha e pelo Conselho de Genebra, tendo sido João Calvino acusado posteriormente como o responsável pela morte de Servet, pois havia escrito a Guilherme Farel dizendo que se Servet viesse a Genebra não o deixaria sair vivo. Foi queimado vivo em Genebra. Calvino tinha discutido muitos anos com Miguel Servet, havendo trocado correspondência. No auge da discussão entre eles, Servet foi condenado à morte pela fogueira.

A reforma protestante
“Só a Fé Salva” – Martinho Lutero
“Deus criou vasos para a salvação e vasos para a danação eterna. Se a Mão de Deus estiver sobre a tua cabeça tu será beneficiado aqui na terra com muita saúde e prosperidade. Por este indício compreenderás que estás predestinado à salvação” – João Calvino
O desenvolvimento do comércio e a conseqüente ampliação do poder político e econômico da burguesia tornavam anacrônico o discurso da Igreja Católica Romana, que pregava “ser mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” por um lado e, por outro, vender indulgências e ficar com parte do lucro auferido “pecaminosamente” daquele ponto de vista. A Igreja Católica Romana tinha uma pregação – a cobiça, fundamentalmente, era condenada pela Igreja! – e uma prática diferente de seu discurso (mais ou menos como nossos governantes hoje fazem, dizem uma coisa e fazem outra...). Por outro lado ao burguês que enriquecera comprando barato (ou saqueando) e vendendo com largo lucro, além de cobrar juros, não era interessante:
a) Partilhar a sua riqueza com um clero cuja prática era incongruente com seu discurso.
b) Ouvir sermões ameaçando-o com as penas do Inferno se não abandonasse a prática da usura, da “venda do tempo”, etc.
Com isto, no Renascimento está formado o caldo de cultura necessário ao surgimento do protestantismo.
Dentro do Individualismo, um dos principais valores renascentistas, o protestante conversa diretamente com Deus; não encomenda a um padre uma missa pedindo a um santo que interceda a Deus por ele numa hierarquia que já não lhe diz respeito. O burguês conversa direta e individualmente com Deus.
O Início da Reforma – Lutero Tradicionalmente diz-se que a Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero, monge agostiniano alemão 91483 – 1546), cujo pensamento sofreu profunda influência de São Paulo de Tarso.
Numa Epístola de Paulo aos Romanos encontrou a “chave” para consolidar uma idéia nova de salvação: “O justo viverá pela fé.” E “não são as obras, mas é a fé que conduz à salvação”. Não importa como você aja no mundo. Se a sua fé for “do tamanho de uma raiz de mostarda” você está no caminho da salvação, não importa o que faça. Desprezando olimpicamente os vários trechos bíblicos que rezam: “o que é a fé sem as obras?”; “A fé sem as obras é morta!” e “Mostra-me a tua fé sem as obras que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé!” Lutero criou um novo sistema religioso abrindo um cisma com a Igreja Católica Romana.
Em 1517 afixou na Abadia de Wittenberg suas famosas "95 Teses Contra a Venda de Indulgências", sendo excomungado e correndo o risco de, a exemplo de Jan Hus e Thomas Münzer, ser martirizado pela Igreja. A diferença é que estes dois, com profunda sinceridade de coração, desejavam voltar ao princípio da fé cristã, em grande medida desvirtuada pela Igreja, mas para tanto aliaram-se aos pobres, aos desvalidos e deserdados da sociedade. Já Lutero, espertamente, aliou-se aos príncipes interessados, como se disse, em apoderar-se das terras da Igreja...
Lutero encontrou terreno fértil à sua pregação nas regiões em que era interessante aos nobres se apoderarem das terras da Igreja Católica. Aliando-se aos príncipes, conseguiu principalmente o apoio do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico Carlos V, que convocou a “Dieta de Worms” em 1521. As doutrinas luteranas causaram grande agitação, principalmente sua idéia subversiva de confiscar os bens da Igreja.
Sua aliança aos príncipes fica mais clara à medida em que analisamos sua reação aos camponeses da região da renânia que, uma vez convertidos, passaram a apoderar-se dos bens da Igreja Católica Romana. Lutero apoiou uma violenta repressão aos camponeses em 1525 dizendo: “A espada deve se abater sobre estes patifes! Não punir ou castigar, não exercer esta sagrada missão é pecar contra Deus!”
Na Dieta de Augsburgo, convocada pelo Imperador Carlos V em 1530, estabeleceram-se as bases fundamentais da nova religião luterana. Ficava abolido o celibato ao clero protestante; proibido o culto a “imagens de escultura e a Virgem Maria”; proclamava a Bíblia e sua interpretação subjetiva do leitor como autoridade, renegando os dogmas de Roma, entre outras medidas.
Aprofundando a reforma – Calvino - Igreja Presbiteriana
Uma das principais conseqüências do cisma provocado por Lutero no seio da cristandade foi a difusão de suas idéias como um rastilho de pólvora por toda a Europa Central, onde se concentravam os burgueses enriquecidos e os príncipes interessados no confisco dos bens da Igreja.
A Reforma foi aprofundada por alguns de seus seguidores, com particular ênfase a João Calvino (1509 – 1564) que dinamizou o movimento protestante através de novos princípios, como o da predestinação absoluta, que enfatizava o quanto uma pessoa estava “sendo abençoada por Deus” uma vez enriquecesse e o quanto estava predestinada à danação eterna uma vez pobre, doente e miserável... Quem nisso acredita trabalha como louco para “provar” a seus vizinhos, pelos aspectos exteriores de suas posses e bem-estar físico e material que é um “vaso reservado para a salvação”.
Pense: se você fosse um burguês enriquecido preferiria a pregação de um sacerdote católico a acusá-lo de desonestidade, heresia por haver enriquecido através da prática condenável do lucro e da usura ou a pregação de um sacerdote protestante a informar que a sua riqueza é um sinal de que está predestinado para a salvação eterna? Não é de admirar que os países mais prósperos do mundo capitalista professem a fé protestante em seus mais diversos matizes...
Um caso singular – Henrique VIII e a Reforma Anglicana
Vários pregadores e potentados ingleses estavam ansiosos para aderir também à Reforma e, com isso, confiscar terras da Igreja a exemplo do que havia ocorrido em boa parte da Europa continental. O rei inglês Henrique VIII (1509 – 1547), contudo, era muito devoto e recebeu uma comenda do papa Clemente VII: “Defensor Perpétuo da Fé Católica”.
De repente, um coup de foudre (paixão avassaladora) muda os rumos da situação: casado por interesse com Catarina de Aragão, Henrique VIII apaixona-se cegamente por Ana Bolena e solicitou ao papa a anulação de seu casamento para que pudesse contrair novas núpcias. Diante da resposta do papa “o que Deus uniu o homem não separará” e da pressão dos príncipes e pregadores ingleses, pelo Ato de Supremacia proclamado pelo rei e votado pelo Parlamento inglês, a Igreja, na Inglaterra, ficava sob total autoridade do monarca.
Inicialmente o anglicanismo manteve todas as características da Igreja Católica Romana, excetuando-se o direito ao divórcio (de interesse do rei!) e a obediência à infalibilidade do papa. Com o passar dos anos a Igreja Anglicana agrega muitos dos valores do Calvinismo, afastando imagens de escultura, fazendo uma leitura singular da Bíblia, etc.
Reação da Igreja Católica Romana – a Contra Reforma
Convocando o Concílio de Trento (1545 – 1563), a Igreja Católica estabeleceu um conjunto de medidas defensivas e ofensivas. A fim de impedir a contaminação pelo protestantismo dos países ainda não atingidos, criou um Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos), dentre os quais encabeçavam as obras de Lutero, Calvino, etc. Reativou o Tribunal da Santa Inquisição, com a finalidade de reprimir heresias. Criou o catecismo, catequese e os seminários com vistas a discutir e persuadir os fiéis reconquistando o terreno perdido. Além disso, receberam incentivo as novas Ordens de pregadores apostólicos romanos com vistas a “levar a fé católica ao “Novo Mundo”. Neste contexto surge a Companhia de Jesus, de Inácio de Loyola, subordinada diretamente ao papa e que levava sua pregação ao continente americano e até à Ásia. Também os dominicanos (domini = do Senhor; cani = cães), portanto caninamente obedientes e devotados a propagar a fé católica.
Jamais houve uma discussão ou um debate sério entre um papa e qualquer autoridade protestante acerca de temáticas doutrinárias. Todos ficam presos às suas metáforas e interpretações diferentes dos mesmos textos bíblicos e muito sangue foi derramado por causa disso.
A relembrar ainda a coincidência entre o protestantismo e o capitalismo e, de outro lado, entre o catolicismo e o tradicionalismo. Os países mais prósperos, do ponto de vista burguês, capitalista (ou (“capetalista”, como preferem os puristas) seguem todos majoritariamente a fé protestante em seus diversos matizes: EUA, Inglaterra, Suíça, Holanda, Alemanha, Suécia... Por outro lado, aqueles ligados ao catolicismo e à ética do amor ao próximo, que não foram profundamente tocados pelo protestantismo, seguem subdesenvolvidos do ponto de vista capitalista – casos dos países Ibéricos e da América Latina, por exemplo.